2007/01/10

Os primeiros instantes

coisas que jamais se esquecem na nossa vida. Sobretudo momentos que ficam gravados na nossa memória de forma positivamente irreversível. O dia em que o Francisco nasceu foi um desses dias que nunca vou esquecer por mais anos que viva, especialmente os momentos que antecederam o seu nascimento.

Estava sozinho na sala onde os pais aguardam pacientemente (ou não!) a chegada dos rebentos. Sentia-me calmo (pelo menos aparentemente), mas por dentro sentia uma ansiedade desconcertante. Estava para nascer o meu filho, o meu querido e tão desejado filho! Ao fim de alguns minutos passou pela sala uma simpática enfermeira que me informou que o meu menino tinha nascido e que tudo tinha corrido bem, a mãe também estava bem!

Aqueles minutos que se seguiram até me chamarem para o ver pareceram-me horas... passaram-me tantas coisas pela cabeça, e coincidência ou não, enquanto aguardava peguei numa revista que trazia um artigo sobre o empreedorismo de alguns portugueses em Moçambique. Entretanto entraram mais três pessoas na sala e mal dei por elas. Moçambique.... essa terra que me viu nascer 32 anos. Pensei como teria sido o meu nascimento e imaginei o meu pai na mesma situação em que eu me encontrava agora, ansioso por me conhecer. Era assim que eu me sentia, ansioso por conhecer o Francisco, por -lo, por admirá-lo! Tudo isto acompanhado por um serpentear de um pensamento cada vez mais intenso na minha cabeça - sou pai, tenho um filho!

Nisto entra uma outra enfermeira que do alto da sua bata branca diz num tom simpático: " O pai do Francisco!?". Eu nem me apercebi que era para mim que ela estava a falar. "Pai do Francisco..." tudo isto é novo para mim. Faz lembrar o dia do nosso casamento em que a dada altura o Vitor (fotógrafo) se virou para mim durante as fotos depois da cerimónia e me disse: " Jorge, chega-te mais para junto da tua esposa...". Esposa, quem é essa?

Eu estava na mesma - "Pai do Francisco?" - quem é esse?! Quando caí em mim disse logo que era eu e ela pediu que a acompanhasse em direcção ao berçário. Assim que chegámos junto à vitrine que acesso ao berçário, o primeiro berço tinha um bebé acabadinho de nascer e a olhar para a luz que entrava num final de tarde de Agosto, completamente ofuscado com a luz e com um olhar doce, mas completamente perdido neste mundo. Pensei para mim mesmo, tão querido e tão pequenino... Entrámos no berçário e de repente apercebi-me que estava um bebé, aquele que eu tinha visto pela vitirine era o meu filho. Fui logo para junto dele e ali estive longos minutos a namorar até ser interrompido pelo telemovel a tocar. Era o meu pai, estava ligar para saber como é que estavam as coisas, quando lhe disse que era avô e lhe comuniquei que o seu neto nascera com 3, 415Kg e 51 cm. Liguei de seguida para a minha sogra para lhe dizer que tinha mais um neto e que tudo tinha corrido bem e ali fiquei todo o tempo que pude a namorar com o meu lindo filho! Tão lindo, tão orgulhoso que eu me sentia! Totalmente babado!

Assim que pude fui saber como estava a nova mamã. Cansada, mas com aquele brilho no olhar de felicidade e orgulho.

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